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segunda-feira, junho 26, 2006

Saga do urso fujão fascina alemães

As aventuras de Bruno e sua habilidade em escapar das autoridades estão na mídia, em camisetas, na internet...
Patrícia Campos Mello - Enviada especial do "O Estado de S. Paulo"

Ao lado de Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Ballack e Podolski, a principal celebridade da Alemanha em tempos de Copa do Mundo é Bruno, o urso fujão. Os alemães acompanham atentamente na televisão e nos jornais a saga de Bruno, o primeiro urso selvagem a aparecer na Alemanha em 170 anos. Bruno cruzou a fronteira dos Alpes austríacos em meados de maio e entrou na Alemanha, onde já matou mais de 30 ovelhas, uma dezena de galinhas e dois coelhos. Desde que chegou, o urso vem desafiando as autoridades: chegou até a sentar-se tranqüilamente nas escadarias de uma delegacia de polícia para comer um porquinho-da-índia.

Bruno tem circulado por vários vilarejos da Baviera. “Vi o urso andando calmamente pela rua, como um pedestre normal”, declarou Dietmar Zeindl, de 61 anos, ao jornal Bild am Sonntag. Bruno também já foi vítima de um acidente automobilístico - foi atingido pelo espelho lateral de um carro ao atravessar a estrada, quando seguia para seu tradicional banho de lago. “Não foi um acidente sério”, disse a agências internacionais Manfred Wölfl, o recém-nomeado assessor para “assuntos do urso” do Estado da Baviera.

Os alemães estão fascinados com a ousadia de Bruno e sua habilidade para escapar dos caçadores. “O urso tornou-se uma estrela, todo mundo sabe onde ele esteve, o que comeu, o que fez. Tem até joguinho na internet para achar o Bruno”, diz o estudante alemão Alexander Dommes. “Agora ele está um pouco ofuscado pela Copa do Mundo, mas Bruno ainda é um grande assunto para os jornais, tão popular quanto a eleição do Papa.”

O governador da Baviera, Edmundo Stoiber, chegou a dizer que Bruno era um “urso-problema” e autorizou caçadores a atirarem no animal para matar. Segundo o governo, o urso não é tímido e se aproxima muito de humanos, o que pode ser perigoso. Fazendeiros também têm reclamado. Em uma fazenda da Baviera, Bruno destroçou três ovelhas premiadas - cada uma valia 1 mil.

Mas, depois de muita gritaria de ambientalistas, o governo bávaro suspendeu a sentença de morte e deu um prazo de duas semanas para Bruno ser capturado vivo. A Baviera contratou, por 25 mil, uma equipe de caçadores finlandeses para capturar Bruno. Os caçadores, um grupo de indígenas finlandeses especializados em rastrear ursos selvagens, vieram para a Alemanha com seus cães karelian, também treinados na caça ao urso.

Indígenas e cães levaram um baile de Bruno. Os cães finlandeses não agüentaram o calor dos Alpes e passaram mal. Depois de um dia de chuva, todos os rastros de Bruno foram apagados e os caçadores voltaram à estaca zero. Na sexta-feira, eles voltaram para a Finlândia, depois de percorrer, a pé, 500 quilômetros atrás de Bruno. Tudo em vão. Com o fracasso da missão, o governo da Baviera pode voltar a decretar a pena de morte para o urso.

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