Um Olhar Crônico Esportivo

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quinta-feira, julho 20, 2006

São Paulo x Estudiantes - um jogo limpo

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São Paulo e Estudiantes de La Plata foi um típico jogo de Libertadores. Mas não foi um típico jogo entre brasileiros e argentinos, ao contrário da primeira partida, disputada em Quilmes.

O jogo foi duro, foi tenso, foi muito disputado. Porém, não houve lances desleais, não vimos faltas violentas, tampouco discussões entre jogadores, um empurrando o outro e de repente um monte de gente se empurrando. Até surgiu uma pequena possibilidade, mas logo foi extinta, pelos próprios jogadores dos dois times e pelo juiz chileno. E isso foi muito bom, deixou uma sensação boa no final,nada de raiva por um ou outro jogador, nada de ódios tolos, sem razão e sem necessidade. Também nas arquibancadas e arredores do estádio não houve registro de problemas. Ufa! Foi apenas um disputado jogo de futebol.

O jogo em si não primou pela técnica refinada, mas foi emocionante e muito bom de assistir. Para mim, foram dois os personagens da partida: Diego Simeone, ex-jogador argentino, duro e, muitas vezes, violento, estreou como treinador à frente do Estudiantes. E Rogério Ceni, goleiro do São Paulo.

Todos esperavam que Simeone armasse o Estudiantes atrás, jogando defensivamente, fazendo valer sua vantagem de jogar pelo empate. O próprio São Paulo preparou-se para enfrentar esse tipo de jogo. Mas não, nada disso, o Estudiantes entrou em campo defensivamente forte, mas igualmente forte nos contra-ataques e, sobretudo, na intenção de atacar e manter o São Paulo preso em seu próprio campo. Isso foi feito de forma muito inteligente e perspicaz. Quando a bola estava com o São Paulo para reposição, o Estudiantes recuava, marcando todos os jogadores do São Paulo em condições de receber a bola, mas deixava livres de marcação os três zagueiros, dois dos quais eram reservas.

Uma liberdade aparente, falsa, enganadora. Sem opções para um passe seguro mais adiante, a bola era tocada entre os três zagueiros e o goleiro Rogério, reconhecidamente um excelente jogador com a bola nos pés. Para muitos analistas, é o goleiro que melhor trabalha a bola com os pés em todo o futebol mundial. Quando a bola cruzava o campo de um lado a outro, e caía com Edcarlos ou, mais frequentemente, Fabão, o jogador mais próximo dava um bote. Algumas vezes a bola chegou a ser roubada, criando situações potenciais de perigo. Em outras, o zagueiro, apertado pelo ataque, mandava a bola para longe de qualquer jeito, quando ela ia para fora ou caía sob domínio argentino.

Essa medida simples e eficaz demonstrou que Simeone analisou cuidadosamente a forma de jogo do São Paulo e as características de cada um de seus jogadores. Com isso, além de ter criado algumas situações de risco, atrasou o jogo do São Paulo e isolou sua defesa do meio-campo e do ataque.

No mais, foi um time que se defendeu com garra e determinação atrás. O São Paulo conseguiu criar poucas jogadas de gol, apesar da movimentação de seus atacantes, alas e meio-campistas. Finalmente, sempre que o gol esteve próximo, o goleiro Herrera apareceu bem. As melhores oportunidades para o São Paulo nasceram de jogadas rápidas, com um só toque na bola em progressão rumo ao gol, ou em jogadas pelas laterais e linha de fundo. O gol, por sinal, nasceu da cobrança de uma falta sobre Leandro bem próxima à linha de fundo. O zagueiro Edcarlos entrou pelo meio e tocou de pé esquerdo a bola cruzada para as redes de Herrera, no final do 1º tempo.

Com 1x0, a disputa foi para a cobrança de pênaltis. Herrera adiantou-se e defendeu bem a 4ª cobrança do São Paulo, feita por Danilo. O placar estava igual, 3 chutes e 3 gols para cada lado. Agora, com a defesa, a vantagem era do Estudiantes e a classificação estava muito próxima. Rogério não reclamou do avanço de Herrera, mas adiantou-se, também, e defendeu a 4ª cobrança do Estudiantes , feita por Alayes. Herrera reclamou, mas nada resultou. Junior converteu a última cobrança e pôs o São Paulo em vantagem. E o jovem Carrusca, com certeza sentindo a pressão do momento, chutou mal e para fora. São Paulo classificado para sua terceira semi-final consecutiva.

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5 Comments:

  • At 6:31 PM, Anonymous Anônimo said…

    O Rogério é bom demais!

    Mas o São Paulo manteve a calma, isso foi importante.

    Os argentinos são sempre difíceis. Prefiro os mexicanos agora.

    Adalberto (não sou anônimo... risos)

     
  • At 7:54 PM, Anonymous Anônimo said…

    Oi Emersom, pelos melhores momentos foi um jogo muito ruim.
    Agora uma coisa eu achei incoerente, o Rogerio /ceni disse que a torcida estava de parabens.

    Parabens pelo que? por invadir o morumbi??

     
  • At 8:11 PM, Blogger Emerson said…

    Iara, o jogo foi emocionante. Não espere jogo eliminatório de Libertadores com firulas e meia dúzia de gols. Foi disputado, pensado, um jogo interessante.
    E a torcida teve comportamento exemplar: em nenhum momento vaiou, apoiou o tempo todo, jogou com o time. Essa é a torcida do SP na Libertadores.
    Que invasão? Ah, meia dúzia de 30 ou 40 torcedores num universo de 66.000. A PM pôs todos pra correr em dois minutos. :o)

    Também prefiro os mexicanos, Adalberto.

     
  • At 12:10 AM, Anonymous Anônimo said…

    no pude ver el partido, pero si vi el de Chivas Velez. Algo le est'a pasando al f'utbol de clubes argentino. Que descalabros ante supuestamente equipos menores.

     
  • At 10:59 AM, Blogger Emerson said…

    Csai, creio que você se refere à eliminação do River pelo Libertad.

    O Chivas Guadalajara é um time forte e grande, e é, também, a base da seleção mexicana na Alemanha, com 6 jogadores convocados.

    A Libertadores costuma apresentar surpresas como o Libertad, Once Caldas e outros times de menor expressão.

     

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