Um Olhar Crônico Esportivo

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sábado, janeiro 13, 2007

Beckham e soccer... Um pouco mais

Comentários muito interessantes, tanto que preferi um novo post para, não digo responde-los, mas dar continuidade à conversa.

Até agora, pelo visto, Vitor, só eu gosto do jogador de futebol David Beckham.

Hehehehehehe

Ele, de fato, jogou muito no Manchester, e bate na bola como poucos. Mas, sem dúvida, seu carisma e imagem valem muito mais que sua técnica.

Nesse tempo em que vivemos eu não acredito que alguma coisa vá pra frente sem um forte apoio da mídia. Bom, isso é, de certa forma, uma obviedade. Mas a mídia precisa ser motivada, precisa ser “mexida e agitada” para adotar uma causa, um negócio, uma moda, uma onda. Creio que a contratação de DB visa esse objetivo.

Não adianta mexer e agitar se não tiver os elementos para serem agitados.

Ao fazer um bolo, fica fácil ver na batedeira o açúcar, o chocolate, a farinha, os ovos, a manteiga... Aí, basta ligar, ou manter ligada, e acrescentar as gotas de baunilha.

Quando pensamos numa sociedade grande, complexa, multicultural (oba! – consegui usar o termo da moda... estou realizado... hehehehehe) como é a americana (muito mais que a brasileira, apesar de muitos de nós acharmos o contrário), a receita e seus ingredientes ficam menos fáceis de serem vistos. Alguns deles, acredito, têm que ser “vistos” pelo feeling do empresário, do empreendedor, do agitador cultural, do artista. Será que o povo do Galaxy e da MLS está com o feeling apurado? Um investimento desse porte não é feito sem o apoio de levantamentos e pesquisas, sem um él ar pi (Long Range Plan) debatido exaustivamente, etc. Afinal, comprometer um quarto de bilhão de dólares é coisa pra burro, até mesmo na California.

Há anos e anos não vou pros Estados Unidos. Da última vez o presidente ainda era o Bill, embora más e desinformadas línguas atribuíssem a presidência a Mrs. Clinton (hoje está provado que não, o Bill era o Bill, mesmo). Tudo que penso da America é terceirizado ou intermediado por mídias diversas. Não é nada, não é nada, não é nada mesmo, ou seja, o meu feeling pode ser mais furado que a peneira velha do sítio que o Ismael ainda não jogou fora por estar com excesso de furos. Ou não, talvez meu sentimento de que agora a coisa vai pode ser correto.

Os números referentes aos povos hispânicos que vivem nos Estados Unidos impressionam. Tanto quanto os números do futebol feminino. Em filmes e séries de tevê já é normal e corriqueiro ver pais e mães acompanhando seus filhos e filhas aos jogos de soccer. Por sinal, num dos últimos E.R., série que tem Chicago como lar, o filho de um dos médicos criado por um casal moderno de duas mães joga futebol, digo, soccer. Os roteiristas americanos não inserem cenas em séries líderes de audiência (e faturamento) à toa. Se colocam o moleque jogando futebol é porque isso faz parte da realidade que os caras vivem. É um exemplo simplório, bem sei, mas é um entre muitos, como o que já citei no post anterior sobre o número de meninas e mulheres federadas.

Acho que se os caras conseguirem atrair, conseguirem fundir, o gosto e a familiaridade conseguidas pelo futebol feminino, com a presença de grandes massas de migrantes que têm no futebol um de seus símbolos e gostos culturais, a base estará pronta, mexida, agitada, fervilhante.

Só Beckham?

Pois é, só ele?

Acho que não. A tendência é a contratação de mais jogadores de nome, que sejam garantias de presença nas mídias e rostos conhecidos de parte do público, pelo menos. Nesse sentido, concordo que essa poderia ser uma oportunidade de ouro para jogadores como Ronaldo, que começam a enfrentar dificuldades no disputado mercado europeu. E esses jogadores não vão contracenar ao lado de jovens americanos apenas, o que, imagino eu daqui, inevitavelmente abrirá o mercado americano para atletas medianos, bons de bola e baratos pelos padrões da MLS.

Bom, coloquei o carro um pouco à frente dos bois, mas é isso, Henrique, acho que você vai assistir a futebol de boa qualidade não demora muito. Como bem disse o Mundy, os caras transformam tudo em show e nesse ponto eles são bons, seus shows, geralmente, são muito bons. E o sucesso nos Estados Unidos não será medido pelos mesmos números percentuais de amor ao futebol que vemos no Brasil ou na Espanha, Itália e Inglaterra, por exemplo, países que, se comparados aos States, são quase tão pobres quanto essa república tupiniquim, ou com populações que são menores que um quinto da população americana. Esse é um ponto forte, João Luiz, uma liga para o gosto de 30% dos americanos já será a mesma coisa, em termos de mercado, que uma fusão Espanha/Inglaterra. Os grandes ganhos de escala nos Estados Unidos são obtidos com números percentuais baixos em relação ao total da população.

Bom, é isso, por enquanto. Valeu, pessoal, bom fim de semana.


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9 Comments:

  • At 11:11 PM, Anonymous Anônimo said…

    Concordo: Beckham será apenas o primeiro. E, pelo que sei, nao agora, Ronaldo, o careca, irá para lá tb. E ele quer.

    E lembro que a propria seleçao americana tem feito Mundiais razoáveis. Por sinal, o Japao tem uma liga consolidada, mas sua selecao é muito pior do que a americana.
    Vai entender.

     
  • At 7:04 AM, Anonymous Anônimo said…

    Beckham devera ser o primeiro, sim, mas como um experimento. Lembro que em 2002 o time nacional americano foi muito bem na Copa, e criou-se um oba-oba, uma expectativa muito grande em relacao a Liga local. Mas bastaram algumas semanas de vida normal para que tudo fosse esquecido, e os tres esportes tradicionais ocuparem a tribuna de honra novamente, relegando o futebol a um terceiro plano. E ha uma grande resistencia de algumas instituicoes ortodoxas (e bem xenofobas) da cultura americana ao futebol. Me recordo de colunistas esportivos, humoristas e outros tentando menosprezar o futebol. Esses individuos dizem que o futebol e monotono (mas como pode um jogo de 90 minutos terminar sem vencedor, e muitas vezes sem nem mesmo marcar um gol?), e esporte de "meninas" e/ou atores(a cena de Rivaldo contra a Turquia foi amplamente divulgada e comentada) e assim vai. No fundo creio que isso seja uma reacao ao inevitavel. A America branca aos poucos esta se rejuvenescendo, e adquirindo um bronzeado. E os cidadoes de pele mais morena adoram futebol.
    No mais, creio que o futebol tera que contender com um outro problema, que e comum a todo esporte coletivo: a fragmentacao da sociedade causada pelos avancos da tecnologia. Antigamente, para uma crianca/jovem ser popular e bem aceito(a), era necessario que participasse ativamente de algum esporte. Ja nao e mais assim. Hoje em dia, boa parte, se nao a maioria dos jovens tem alternativas suficientes de se comunicarem com a sociedade (se e que se comunicam) e isso se deve a tecnologia. Mas isso e assunto para outro post!! hehehe
    Overall, acho que a vinda do Beckham excelente. Muito melhor do que Ronaldo, por exemplo. A maioria dos americanos que acompanha futebol de perto assiste a Liga Inglesa, e estao muito mais familiarizados com suas estrelas. E ate pelo fato de Beckham e sua esposa falarem ingles, com sotaque britanico, diga-se de passagem (muito apreciado por estas bandas), com conexoes Hollywoodianas, fara com que o casal seja exposto a midia constantemente. Uma boa aposta, mas arriscada.

     
  • At 11:26 AM, Anonymous Anônimo said…

    Emerson, faço parte do grupo que gosta do futebol do DB. E falo de seu futebol mesmo, pois com a idade, beleza física não interfere mais em meus julgamentos. E acho sim, que como dizia minha avó,norte americano não dá ponto sem nó. E como lá beleza é passaporte, acho que esta contratação aliou dois pontos fortes com a certeza de grande retorno. Bom para os norte americanos, melhor ainda para o futebol.
    Abraços

     
  • At 12:59 PM, Blogger Chico da Kombi said…

    Caro Emerson,
    O Beckham é o melhor vendedor de desodorantes do mundo e, como jogador comum que é, só tem uma jogada que executa muito bem, que é o cruzamento certeiro no segundo pau.
    \
    Força FOGÃO!

     
  • At 11:23 AM, Blogger Iara Alencar said…

    Ola emerson.
    Eu nao sei se eu estou ficando burra, ou se nao li direito.
    Mas nao entendi patuna de nada do que voce escreveu.
    voce enrolou, enrolou, escreveu bonitinho, mas nao disse nada...

    ou eu que nao entendi?

     
  • At 12:18 PM, Blogger Emerson said…

    Iara...

    Reli atentamente o que eu escrevi e acho que, bem ou mal, dependendo do gosto do freguês, transmiti o que queria. Se bem que, geralmente, quando o leitor não entende o texto é porque ele está mal escrito. Espero que não seja o meu caso e, no teu, trate-se de uma leitura rápida. Aí complica mesmo.

    Cada um escreve de um jeito, naturalmente, e o meu é assim.
    Os modernos manuais de comunicação prezam os textos curtos, diretos, objetivos.

    Eu não sou moderno, sou antigo, logo, escrevo como penso, de um jeito meio antigo.

    Dizem, também, os manuais de comunicação, que as frases devem ser curtas e conter um só pensamento. De minha parte acho isso uma pobreza. Até tento, e até consigo escrever assim nos meus roteiros, mas quando estou solto, como no blog, escrevo do meu jeito mesmo, dando uma banana aos manuais, colocando dezessete idéias num só parágrafo, com vírgulas, parênteses e travessões aos montes. Vira e mexe eu mesmo me perco, preciso voltar, reler e reescrever um trecho ou outro.

    Mas, voltando a esse texto em particular, a releitura me permitiu duas correções, tirando “a esmo” e mantendo “à toa”, pois estava feio e redundante, e inserindo uma curta frase sobre a pobreza de Inglaterra, Espanha, Itália...

    :o)

     
  • At 1:13 PM, Anonymous Anônimo said…

    Emerson, quanta honra ter meu nome citado no seu post. Obrigado. Eu gosto do futebol do Beckham, mas não acho nada acima da média. Mas tenho certeza que será um ótimo produto para MLS. Dinheiro eles têm. Mas será preciso critério. Não basta apenas contratar jogadores com sucesso de mídia e cosagrados em fim de carreira, como costumam fazer os árabes. Será necessário mesclar isso com jogadores que estejam jogando em alto nível no momento. Se a liga crescer como eles esperam será mais um mercado com superioridade financeira em relação ao nosso. Competirá com asiáticos e europeus. Os brasileiros terão que rebolar para manter seus craques aqui. Abraço

     
  • At 6:19 PM, Blogger Iara Alencar said…

    Emerson, carissimo, sabia que eu te adoro. Você foi um dos pimeiros a me receber assim que entrei no J.a,, isso já se passaram algum tempo.

    Mas, mesmo te adorando, eu insisto em dizer, você é um moço jovem, para de se achar velho, escrever como velho, pensar como velho, desse jeito eu acabo te achando chato...
    Velho é meu papi, que já tem seus 66 anos....e olhe lá, que ele tem pique de acordar 6 da manhã pra ver globorural, arg!!!!

    mas vamos ao que interessa.

     
  • At 6:37 PM, Blogger Iara Alencar said…

    Sendo assim, eu li novamente, atentamente!
    E cheguei a seguinte conclusão:

    David foi contratado, porque ele é símbolo muito notório na mídia, por tanto vai dá uma sacudida no futebol americano.
    Vai atrair a massa, os migrantes, as criancinhas, as mulheres e etc.
    Afinal de contas, eles são especialistas em fazer espetáculos.

    Será isso?se não for, eu desisto, porque li o texto 4 vezes.

     

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