Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sábado, maio 19, 2007

O grande jogo


O grande jogo do futebol brasileiro hoje está se desenrolando meio longe dos gramados. Nenhum dos jogadores usa chuteira. Calção e camiseta, então, nem pensar. No campo desse jogo impera a gravata e o terno, e nos pés sapatos cuidadosamente engraxados e brilhantes.

No campo propriamente dito, 22 jogadores em condições normais de pressão e temperatura correm atrás de uma bola, mediados por um juiz e dois auxiliares, assistidos por meia dúzia de gatos pingados ou por muitos milhões de aficcionados. Desses milhões, uma meia dúzia simbólica está à beira do gramado, e muitos milhões estão em seus próprios sofás, comendo, bebendo, xingando, gritando, se divertindo da forma que só os esportes movidos a paixão permitem.

No grande jogo do momento, porém, tudo é mais reduzido até o momento em que os grandes números aparecem sobre a mesa.

No último embate desse campeonato meio invisível, que teve lugar em algum local de São Paulo na última terça-feira, executivos da Rede Record começaram a falar a sério com dirigentes do Clube dos 13, o mal-sucedido espólio do que deveria ter sido uma liga independente.

Pelo que se comenta à boca pequena, dessa vez a Rede Record botou as cartas na mesa para valer.

E que cartas. Por trás delas uma pilha de fichas douradas, cada uma valendo um milhão de reais. E essa pilha tinha nada menos que quinhentas fichas!

Os engravatados dirigentes do mundo da bola devem ter tremido na base.

Recentemente, a Rede Record investiu sobre o Campeonato Paulista. Não levou, mas forçou a Rede Globo a pagar 60 milhões de reais e mais 10 milhões em publicidade por um campeonato que custou menos da metade desse valor em 2006. O BR custou à Globo 300 milhões em 2006. Parece, não posso afirmar, que em 2007 esse valor seria de 380 milhões. Pode ser, não é impossível. Dessa forma, parece bem provável que a Rede Record vá chegar a algo como 600 ou mesmo 650 milhões de reais, quase dobrando o valor pago pela Rede Globo, ou mais que dobrando.

Um valor como esse, de 600 milhões, representa nada menos que 222 milhões de euros ou 300 milhões de dólares. Um mundo de dinheiro. Mas bem menos que outro número que circulou pelo mercado nessa semana, na forma de boato ou notícia plantada, e que dizia que a emissora da Igreja Universal poderia chegar à assombrosa cifra de 1 bilhão de reais, nada menos que 370 milhões de euros, ou meio bilhão de dólares. Pura loucura, já saio dizendo antes que alguém acredite nisso.

Não acredito que o mercado brasileiro esteja preparado para pagar tão alto por jogos de futebol. Por parte dos patrocinadores haverá resistência, sem dúvida, e além disso o pay-per-view, com a classe média declinando, dificilmente dará um salto muito grande em sua base de assinantes. Pelo que pude levantar a partir de informações esparsas, o ppv deve faturar 50 milhões de reais nesse ano somente em São Paulo, já incluindo o Campeonato Paulista. Apesar de sonoro e bonito, o ppv ainda precisa crescer muito para melhorar e pagar a maior parte desses gastos. Essa realidade mercadológica leva à conclusão que a chance da Rede Record é comprar os direitos e repassar parte deles para a Rede Globo. Difícil, não? Mas não consigo enxergar outra forma do negocio tornar-se viável.

Voltando aos clubes, mesmo sem chegar à mágica de um bilhão ou 650 milhões, os simples 500 milhões de reais podem representar nada menos que 35 milhões em caixa para cada um dos três times de ponta em audiência e penetração. Um bocado de dinheiro, sem dúvida. Nada, ainda, no primeiro nível europeu, mas já encostando em algumas equipes de renome.

A entrada em cena dessa dinheirama, muito provavelmente acirrará as discussões e divisões dentro do C13. Como conseqüência, eu acredito que alguns grandes clubes irão negociar suas cotas de televisão separadamente. Novamente, os três times citados deverão sair na frente, seguindo o exemplo de Real Madrid e Barcelona, que passaram a negociar de forma independente seus direitos de televisão. O resultado é que a partir dessa próxima temporada que começa em julho, esses dois times receberão um BR inteiro se o valor fixado for de 650 milhões de reais. Para ser mais exato, receberão pouco mais que um BR inteiro.

Esse pessoal que está jogando o jogo não está preocupado em jogar pra galera. É uma pena, pois esse jogo e esses jogadores eu gostaria muito de acompanhar. (Uma sentença cheia de jogos e jogandos...)

Talvez fosse bom assistir, mesmo sem torcida, mas duvido que isso interesse aos dirigentes da maioria dos clubes. Muitos podres devem vir à tona nessas discussões. Comenta-se que um dos empecilhos à mudança de rede, seja o fato de alguns clubes já terem recebido dinheiro da Rede Globo como adiantamento sobre futuros direitos de televisão. É o povo que mata o futuro para remediar o presente. O risco é um dia descobrir que o presente se esvai e o futuro não mais existe.

Futuro que será o melhor fruto dessas reuniões e uma eventual negociação dos direitos de tv. Futuro que fará a “alegria” de muito dirigente de clube, ou melhor, dirigente não, cartola.


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quarta-feira, maio 16, 2007

Ainda e até quando?


Um pouco mais de soccer, séries de tv e Copa Nissan Sudamericana.

Ao escrever um roteiro para uma obra de ficção, seja um longa, uma novela ou um seriado, o roteirista não deixa de representar a sociedade, principalmente se a obra tem como palco o tempo presente. Nas novelas e séries a presença da realidade é mais marcante ainda. Vemos isso cada vez com mais desenvoltura nas novelas da Globo.

Nas séries americanas não é diferente. O impacto e as transformações trazidas pelos assassinatos do ataque de onze de setembro de 2001 são visíveis e até explicitados em inúmeras séries, principalmente as policiais e dramáticas, claro. Os roteiristas de Hollywood e da Costa Leste, no eixo Nova York/Boston, retratam a sociedade em que vivem no tempo em que vivem. E esse retrato, hoje, mostra a presença cada vez maior do soccer, em detrimento do basquete, do football, do baseball e do hóquei.

Isso se dá, ainda, de forma bem distinta. Essa presença maior é forte nos grandes centros urbanos, e mais presente nas Costas Leste e Oeste. O meio-oeste ainda é território dos esportes tradicionais. Essa distribuição casa, também, com a maior concentração de imigrantes hispânicos nas regiões costeiras, em detrimento das centrais. Mesmo nessas, porém, o soccer já é esporte de peso.

Uma das cenas mais significativas dos últimos tempos eu vi em “Heroes”, outro seriado que lidera as audiências. Nele, um garoto hindu sai correndo atrás de uma bola de futebol, que é pega e devolvida por um dos protagonistas. A ação foi filmada na Índia. No episodio de ontem de “Two and a half men”, série cômica que é um dos coqueluches dos últimos anos, o garoto Jake discute com o pai porque este quer ver basquete e o garoto quer ver soccer. Porque é o esporte que mais cresce e porque a menina por quem está caído joga. E ele, naturalmente, precisa inteirar-se e entender esse esporte pra não fazer feio diante da garota. Vale dizer que Jake e sua família são americanos “puros”, assim como a namoradinha.

Os exemplos se sucedem, episódio a episódio, passando por E.R. e outras séries médicas, séries policiais e outras.

Curiosamente, ao mesmo tempo as cenas e menções ao basquete, baseball e futebol americano praticamente sumiram, principalmente quando o público focado é o adolescente ou quando esse universo é retratado.

Curioso? Mais que isso, é sintomático.

E é dentro desse contexto que enxergo a presença forte da Fox Sports no futebol sul-americano, comprando parte dos direitos de tv da Libertadores e comprando a Copa Sudamericana, que, em seguida, negocia com outras redes (ou deixa isso a cargo da Conmebol, dentro de certas regras, ainda não sei ao certo). A Fox chegou como curiosidade, entre nós ainda é vista dessa forma, mas sua audiência é crescente em toda a América Latina, justamente a partir do futebol.

Ontem, em outra prova da consolidação dessa presença, a Fox e a Nissan Hispanic, sediada nos Estados Unidos, assinaram novo acordo de patrocínio, que garante à Nissan mais três anos como patrocinadora da Copa Nissan Sudamericana, com direito a nome e tudo o mais. Com isso, a Nissan completará em 2009 seu sétimo ano consecutivo de patrocínio desse evento, sinal que o retorno foi e é bom, e deverá ser maior ainda do que já é. E para a Nissan e suas agências de propaganda e marketing, essa mensuração de resultados não é difícil, pois esse patrocínio já vem desde a edição de 2003 da Copa Sul-Americana. Isso explica a presença da Toyota na Libertadores e no Mundial, e a dificuldade que o Santander vem encontrando para assumir esse patrocínio.

O soccer e o nosso futebol estão se aproximando. Se tivéssemos um calendário adaptado ao europeu e, por conseqüência, ao americano, nossos times estariam muito mais presentes nos Estados Unidos, que é, ao lado da China, o próximo grande mercado para o futebol. E estamos fora dos dois.

Ainda. E por quanto tempo mais?

Os roteiristas estão nos mostrando os caminhos, só falta aproveitar as dicas.


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segunda-feira, maio 14, 2007

A pior coisa do futebol...


Ou, a vitória é só uma ilusão

- Olha cara, o problema do futebol, o que realmente ferra com o futebol, estraga tudo, tira o humor da gente, derruba-nos, joga-nos na mais profunda depressão, enfim, ferra com a gente pra usar expressão menos mal-educada, é o pior, o maior problema do futebol.

- ??? Ué, então fala, pô! Deixa de mistério novelesco barato. Que problema, que coisa tão terrível é essa?

- O maior problema do futebol é o adversário.

- (Gargalhadas...)

- Tá rindo de que? Virou hiena?

- (Gargalhadas prosseguem...)

- Cara, você deve estar meio doente. Pára de rir que não tem graça esse assunto.

- Ahhhhhhhh... Ufa... Peraí, cansei, ri demais. Cara, você é doido ou meio besta?

- Bom, depois dessa reação eu acho que sou besta inteiro. Mas você não concorda que é o adversário o pior problema do futebol? Pensa bem: ele, o adversário, é o sujeito oculto em todas as nossas análises. A gente nunca é derrotado, ah, isso não. A gente perde, o que é diferente de ser derrotado. Nunca abrimos mão de ter a voz ativa nessa relação.

- Ihhhh... Relação? Vou começar a achar que você é besta inteiro mesmo. Só falta querer discutir a relação agora. (Gargalhadas...)

- Ok, já entendi, mas deixa quieto. Seguinte: a gente ignora o adversário e só enxerga nosso próprio time. Pensamos tudo em função da gente e nunca em função dos caras. E do outro lado é a mesma coisa, claro.

Às vezes penso que a vitória é uma entidade inexistente no futebol. Só a derrota existe, somente ela é reconhecida. E é bom nem chamar de derrota e sim de “auto-perda” ou “auto-derrota”, alguma coisa assim. Entende?

- Sim, acho que sim, sei lá.

- Como assim sei lá? Veja bem, a gente perde um jogo porque o adversário foi melhor que a gente, jogou mais bola, aproveitou melhor as chances, controlou nossos principais jogadores, marcou bem, atacou, controlou o meio-campo, enfim, a gente perde porque do outro lado tem uns caras que estão determinados a vencer e a não deixar a gente ganhar. Mas não é isso que passa por nossas cabeças iluminadas. Nelas, nós somos sempre melhores e vencemos tudo ou perdemos para nós mesmos, porque vê lá que alguém vai jogar melhor que a gente! Nem pensar nisso, só perdemos jogos porque jogamos mal e deixamos os caras ganharem.

- Hummmm... Acho que tô entendendo.

- Pois é, e olha que interessante: se o futebol fosse como nós torcedores pensamos que seja, a loteria esportiva seria a coisa mais idiota da face da terra e não precisaria de palpite duplo e muito menos do triplo. Claro, seria tudo palpite único: a vitória do nosso time.

- Nosso o escambau, eu não torço pro mesmo time que você.

- Azar teu, meu chapa, já te falei. Mas tá vendo só? Como poderia ter palpite único na loteca? Impossível, né?

- Claro!

- Pois é, mas quando a gente discute um jogo, o outro, o adversário, é completamente ignorado, não existe. O melhor, até existem, mas como seres passivos que só se aproveitam das nossas falhas & cagadas.

- É, pensando bem, o que você diz tá cheio de lógica.

- E sabedoria!

- Aí você já tá exagerando.

- E tem mais: fora o time da gente, os outros sujeitos de um jogo, agentes da voz ativa como nõs, são o juiz e bandeirinhas e os brucutus adversários que só dão porradas.

- Cara, você complica muito as coisas.

- Eu???

Bom, é, pode ser... Talvez você tenha razão.

- Vem cá, vamos tomar uma cerveja e...

- Vou ficar na mineral com gás.

- Putz, ninguém merece. Tô me sentindo o babaca do Wilson, o amigo do House. Ok, mineral com gá, você venceu.

- E batatas fritas...

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domingo, maio 13, 2007

Sobre a vitória do São Paulo e pressões



Reproduzo abaixo e-mail que enviei para o site SP Net, nessa manhã de domingo com vitória do Massa.


No Estadão, Ugo Giorgetti intitula sua crônica - muito fraquinha e preconceituosa, por sinal - com "Um time igual aos outros".
Concordo, e vou além: Uma torcida igual às outras.


"Vitória de pouca valia



Posso estar enganado em tudo que penso, falo, escrevo...
Não frequento o Morumbi, exceto em dias de jogo e não todo jogo.
No CT só fui pouquíssimas vezes, mais pra festa do que pra treino.
Portanto, abasteço-me com o que leio, vejo e ouço pelas mídias diversas.
E também uma conversinha ou outra com algum amigo.

Depois da derrota sem grande importância pro São Caetano e, principalmente, depois da derrota para o Grêmio, em pleno Olímpico, o mundo desabou. Parece ser coisa normal, talvez seja mesmo, mas a anormalidade começa nas pressões extremas de fora para dentro, pressões emitidas por jornalistas diversos e torcedores, através de meios de comunicação. Antes da internet os torcedores manifestavam-se nas arquibancadas e em cartas para os jornais. Hoje, a internet amplifica todas as vozes, aumenta a base de "formadores de opinião" e aumenta, e muito, o poder dos próprios jornalistas, muitos dos quais passam a dispor de duas tribunas: a do veículo onde trabalham e a da internet, por meio de blogs pessoais, onde podem ser mais diretos e contundentes e, portanto, parciais, do que nos veículos oficiais, convencionais.

A partir desses fatores, na minha opinião, a pressão foi crescendo.
Ora, qualquer organismo tem que reagir a uma forte pressão, porque ela desencadeia reações internas.
Todo organismo social tem lá seus focos de tensão. Peguem uma família modelo, onde o amor puro e maravilhoso predomina. Exerçam uma pressão forte sobre esse antro de pureza angelical e as tensões latentes aparecerão, talvez até de forma selvagem.
Não é nem privilégio de humanos, é um fato da natureza a resposta a pressões, tanto por parte de indivíduos como por parte de coletividades, de formigas a monges tibetanos.

As tensões latentes no famoso "grupo" explodiram. Com certeza, dessa missa não sabemos nem a metade.
Mesmo num grupo onde a maioria não tivesse nome e pretensões, as relações são complicadas. Num grupo como esse montado pelo São Paulo tudo isso é mais intenso. Todos os jogadores têm certeza absoluta que deveriam ser os titulares. Mas uma parte do grupo fica na reserva. O fator "derrotas" funciona como um catalisador dessas tensões. O que é um catalisador? Basicamente, em química, é um acelerador de reações.
O fator "derrota" foi o acelerador de reações, da explosão de tensões que estavam submersas. O povo chama a isso de "a gota-d'água que transborda o copo".

A meu ver, portanto, nada há de extraordinário em todo esse processo. Exceto a pressão externa.

Um parêntesis: Muricy Ramalho entende de futebol milhares de vezes mais que eu. Ele conhece futebol. Vive a vida inteira do futebol e no futebol. Como ele, Rickjaard, Ancellotti, Ferguson e outros "burros". Alguém - não recordo - aparentemente indignou-se com minha "comparação" de Muricy com esses caras. Ora, não estou comparando, o que ocorreria se eu colocasse lado a lado um e outro ou outros e comparasse. Só coloquei-os no mesmo balaio, pois todos treinam e dirigem elencos bons de grandes clubes, elencos que em parte do tempo são times vencedores. E todos são chamados de "burros".

Devem ser burros, sim. Aliás, com certeza são burros. Se fossem inteligentes ficariam de fora e só xingariam. É mais fácil, mais tranquilo e desopila o fígado.

Se o torcedor pode, e até deve ter esse papel, o mesmo não posso dizer de muitos jornalistas, que se valem do nome obtido às custas de um grande veículo de comunicação e deitam falatório pessoal. E nossa sociedade, não é de hoje, habituou-se a ver na mídia e em seus representantes, a "Verdade".

Ora, francamente...

Eu não vivo sem imprensa livre, não existe vida inteligente sem imprensa livre, não existe democracia e sociedade moderna sem imprensa livre. Mas, francamente, a imprensa livre é feita por... jornalistas. E quando o jornalista exprime sua visão pessoal e a dissemina, deixa de ser jornalista e passa a valer-se desse fato numa outra vertente. Melhor faria se abdicasse da tribuna e função jornalística e viesse pra vala comum dos mortais defender seus pontos de vista.

Bom, alonguei-me demais, porém é isso: uma forte pressão externa criou uma crise não artificial na essência, mas artificial na intensidade.

Ora, voltando então ao mero futebol, era mais que óbvio que o treinador de plantão à frente do SP, quem quer que fosse, mudaria o time depois do jogo no Olímpico. Alguns jogadores que deveriam render bem, não o fizeram. Fim da competição, começo de outra, hora de reavaliar e mudar algumas coisas. Nada mais normal e natural. Muricy faria as mudanças com ou sem a aparição do Juvenal Juvêncio.

Não acredito que JJ tenha dito nada a Muricy no sentido de escalar fulano ou beltrano. Não é seu estilo e ele é inteligente e conhece o mundo da bola e dos boleiros. Sabe que no momento em que faz algo assim perde o respeito de todo mundo, desde o quarto reserva até o treinador. A bronca foi, sim, necessária. Muito mais para dar recado aos formadores de opinião, todos externos, do que para puxar orelhas internamente.

A vitória de ontem para pouco serviu. O elenco terá uma semana mais ou menos tranquila até o jogo contra o Náutico. Algo como o barco na borda duma tempestade tropical forte, ora açoitado por ela, ora deixado à parte por uma mudança na direção dos ventos, que, entretanto, podem voltar a qualquer momento.

Acredito que o São Paulo tem uma direção competente, tanto política e administrativa, como técnica. Olho ao redor e tudo que vejo nos co-irmãos daqui e de outras praças só confirma minha opinião. No momento em que pressões tão fortes interferem no dia-a-dia do time, perdemos essa distância, essa diferença para os demais, e ficamos todos no mesmo balaio de gatos.

Temos totais condições para dar a volta por cima nessa fase, vencer de lavada o Brasileiro e, de quebra, a Sul Americana. Com o elenco submetido às pressões normais de todo elenco de grande time, mas sem a intranquilidade que tanta agitação externa leva para dentro do vestiário, do gramado, da concentração.

Talvez seja uma postura blasé, ou demonstração de soberba, arrogância e outras coisas, mas é o que eu penso. Não precisamos de tanto desespero, tanta pressão, tanto "Fora Muricy, Souza, fulano, beltrano, cicrano", isso não é coisa para uma equipe como a do São Paulo. Não nesse momento, com certeza.

Parece-me uma reedição diferente na forma, mas semelhante no conteúdo, das manifestações que culminaram com a saída de Kaká e Luiz Fabiano.

Talvez essa vitória sirva para algo mais que os três pontos. Tomara.
E eu sigo acreditando no São Paulo, com Muricy Ramalho à frente."


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