Um Olhar Crônico Esportivo

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quinta-feira, junho 05, 2008

Clube dos 13, TV, 10+3 e outras atualizações




Prossegue a batalha travada nos bastidores em torno dos valores dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de 2009.

Já há quem se refira ao Clube dos 13 como Clube dos 10+3, devido ao enfrentamento promovido por São Paulo, Flamengo e Corinthians, que querem uma outra divisão dos valores acrescidos aos patamares anteriores.

Em síntese, os três clubes querem que 40% (ou algo próximo disso) sejam distribuídos entre os cinco clubes de maiores torcidas e audiências, com os demais dividindo os 60% restantes.

Essa divisão, porém, dar-se-ia somente, como já foi dito, sobre os valores acrescidos aos anteriores, ou seja, se a TV aberta pagou 180 milhões em 2008 e vai pagar 220 milhões em 2009, essa nova divisão seria aplicada somente sobre a diferença entre um contrato e outro – 40 milhões de reais.

Trocando em miúdos, isso significaria 3,2 milhões para cada um dos cinco clubes (Palmeiras e Vasco completam o quinteto) e 1,6 milhão de reais para cada um dos outros quinze clubes, no caso da diferença da TV aberta. No bolo total, os números crescem um bom bocado.



Será?


Muita gente duvida que essa disputa travada pelos três clubes seja levada adiante, mas é bom lembrar que, em 2003 quando era presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa adotou postura semelhante, isoladamente, sem nenhum outro clube apoiando, e conseguiu uma bela revisão no contrato do Clube dos Treze com a Globo e na distribuição dos direitos entre os clubes.

Marcelo, não por acaso, faz parte da diretoria são-paulina, a pedido do presidente Juvenal Juvêncio, no cargo de Diretor de Planejamento.

E a situação do São Paulo hoje, inclusive a financeira, é muito mais forte do que era em 2003, não sendo de estranhar se o clube levar essa reivindicação a ferro e fogo para a frente.
Portanto, pode até ser que a proposta dos três clubes não seja vitoriosa, mas daí a dizer, como o fazem alguns dirigentes do Clube dos 13, que tudo não passa de fogo de palha, vai uma grande distância.




Uma vista d’olhos sobre o Corinthians

Comenta-se que o Corinthians, que durante alguns meses hesitou em aliar-se ao Flamengo e São Paulo no Clube dos 13, pode abandonar a oposição e fechar com os demais clubes pela aprovação do contrato tal como proposto pela Globo.
Na avaliação desse blog isso não é impossível, nem mesmo improvável.

Convém lembrar que Andrés Sanches tem ido e vindo em vários pontos, jogando muito mais taticamente, visando a sobrevivência no curto prazo, do que estrategicamente, pensando no crescimento e sustentabilidade a médio e longo prazos.

E o curto prazo do Sport Club Corinthians Paulista tem nomes (como o Lyon, o maior credor) e valor: 40 milhões de reais que precisarão ser pagos, chova ou faça sol, nos próximos 90 ou 120 dias.

Não há caixa para isso no Parque São Jorge.

A menos que Lulinha e Dentinho sejam negociados na janela de verão, possibilidade remota para o primeiro.

Claro que isso seria um balde d’água fria no ânimo da torcida, que vem fazendo sua parte com brilhantismo na recuperação do clube, mas, as velhas e famosas “razões de estado” sobrepor-se-iam às razões do coração e do esporte.

Outra possibilidade que esse Olhar Crônico Esportivo levanta: o Corinthians já recebeu e gastou toda a verba de 2008 a que tinha direito receber do Clube dos 13 – dez e meio milhões de reais.

Com o seu mais que provável retorno à Série A em 2009, teria direito a uma cota total superior a trinta milhões de reais.
Não é praxe da Globo adiantar valores do ano seguinte antes de dezembro, mas eu não ficaria nem um pouco surpreso se isso acontecesse em, digamos, outubro.
Talvez não a totalidade do contrato, mas – por que não? – uns vinte milhões, pelo menos, é algo muito possível. Para conseguir essa benesse, o clube, com certeza, não poderia estar fazendo oposição ao acordo.
É esperar para ver.


A questão das placas de publicidade


A comercialização das placas nos estádios rende um bom dinheiro. A Globo colocou no papel algo entre 40 e 45 milhões pelas placas. Os três “dissidentes” foram à luta e conseguiram 60 milhões, pelo menos, de uma empresa chamada Smart Vision.

Aqui o bicho começa a pegar, porque o Clube dos 13 pediu garantias bancárias para esse valor. É bem provável que a empresa consiga as garantias, mas nunca é demais destacar que o próprio Clube e os demais associados poderiam e deveriam estar mais interessados numa mudança desse tipo, que, se aprovada, será benéfica para todos.


Próximos passos

Na próxima semana a Comissão de TV do Clube dos 13 se reúne novamente. Na pauta, alguns pequenos acertos na negociação do bloco TV Paga – Sinal Fechado e pay-per-view. Provavelmente, teremos outro embate aqui. Eu mesmo estranhei a proposta da Sportv pelos direitos, achando-a muito baixa em comparação com o crescimento da base de assinantes e comentei aqui no Olhar Crônico Esportivo.

Outro ponto em discussão diz respeito à distribuição da verba pay-per-view de acordo com o clube do comprador, a fidelização.

Aqui há um problema: para a emissora é péssimo negócio segmentar a venda clube por clube, mesmo cobrando mais caro. Para o consumidor é igualmente ruim, pois ele acabaria pagando muito caro para ter apenas os jogos de seu time, e a realidade mostra que, não poucas vezes, é mais interessante acompanhar outro jogo do que o do próprio time, principalmente se o outro resultado puder impactar positiva ou negativamente o time do coração.

Além desses dois senões, há outro: como aferir o clube de cada um? Somente aferindo os documentos das emissoras que comercializam os jogos pagos. Mas, concordariam essas empresas com essa auditoria dos clubes? Pelo que conheço do mercado, duvido. Duvido muito. Por tudo isso não vejo grande futuro nessa reivindicação.

Apesar de ser um avanço mercadológico, muitos clubes têm pedido o fim da numeração fixa e dos nomes nas camisas. Alegam prejuízos com as camisas de jogadores que deixam os clubes no meio da temporada. Parece que a TV concordará com o pedido, mas não abrirã mão dos nomes nas camisas.

Também estarão em discussão a transmissão pela internet e a transmissão para os telefones celulares. A internet está vinculada ao contrato da TV aberta e, embora seja dada como certa sua transferência para a emissora, eu cá tenho minhas dúvidas. Esse é um filão potencialmente rico para os próximos anos, e os departamentos de marketing dos três dissidentes devem estar de olho nesse mercado. A transmissão para os celulares talvez demore mais, a demanda é pouca e o custo de implantação dos sistemas de transmissão é alto.


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