Um Olhar Crônico Esportivo

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terça-feira, junho 03, 2008

Dias interessantes

Assim foram os últimos dias: interessantes.

Não diria, porém, que tenham sido positivamente interessantes, pelo contrário, foram interessantes com claro viés negativo.

“Que seus descendentes e os descendentes de seus descendentes vivam tempos interessantes.”

Essa frase tão polida quanto formal em sua aparência, nada mais era que uma maldição trocada entre dois chineses de outros tempos, muito antes da chegada dos “bárbaros” (os europeus) e, mais tarde, a Grande Marcha e a aparição do Presidente Mao Tse Tung. Tudo que é interessante é, por definição, algo fora da rotina, e, como mostra a sabedoria adquirida com o tempo, nos humanos, mas inata nos animais, a felicidade reside na rotina.

Filosofices à parte, esses dias estão dominados pelos acontecimentos de Recife, por um lado, e a dança macabra dos treinadores por outro. Nas raízes desses eventos, com um mínimo de esforço, encontramos o mesmo e perigoso germe, a intolerância e suas filhas diletas, como a impaciência e seu irmão de sangue, o imediatismo, o fundamentalismo, a prepotência e, como não poderia deixar de ser, a violência. Sobre os treinadores e a impaciência que os cerca falarei em outra hora.

O ser humano não deve, mas pode ser violento. É, de certa forma, de sua natureza. Justamente para coibir isso, para proteger outros seres humanos, o estado, desde seus primórdios, criou as forças de segurança, tanto as militares, com a função primeira de defesa do território e do estado, como as policiais, que, em última análise, devem garantir a todos a vida em sociedade sob a regência do direito de momento.

Justamente em função de sua força, seu poderio, o aparato de segurança estatal deve ser rigidamente controlado pela sociedade, obedecendo a normas e regulamentos que tenham, como primeira e mais importante postura, o respeito ao ser humano.

Esse respeito e essa postura inexistem entre as forças policiais brasileiras. São ignorados, com a maior desfaçatez possível. Isso é visível no tratamento dispensado aos suspeitos de cometer um crime, a menos que se trate de pessoas de posse, quando, então, as forças policiais lembram-se, como que por milagre, de sua mais importante e nobre atribuição, a defesa do cidadão. O estado é poderoso, o indivíduo é fraco. Por isso mesmo, tudo deve ser feito em prol da proteção do indivíduo contra o poder supremo do estado. Por “estado”, em boa parte das vezes, leia-se “forças de segurança”. Foi aqui que os policiais pernambucanos erraram.

A seqüência de erros já foi muito mostrada, não vale a pena repeti-la, portanto, vou ater-me ao que considero o foco da questão e já coloquei acima: os policiais erraram ao abusar de sua força, ao intervir, sem necessidade, numa situação esportiva, erraram ao retirar o atleta por local perigoso, pois exposto à ira de torcedores enfurecidos. Repetiram seus erros contra o presidente do clube. Não deram ao clube visitante o requisito mínimo necessário à realização de uma atividade esportiva: segurança.

Completando esse quadro já por si lamentável, o Estado, por meio de seu órgão máximo no setor de segurança, a Secretaria de Defesa Social, emitiu nota oficial cuja melhor e também única descrição é: mentirosa. Os fatos, vistos por milhões pelas telas das televisões, foram distorcidos ou invertidos. A nota é um atentado à inteligência de qualquer pessoa que acompanhou os fatos.

Agora, é esperar para ver quantas mangas serão feitas com o pano que esse imbróglio vai gerar.

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3 Comments:

  • At 8:22 PM, Anonymous Anônimo said…

    a policia foi truculenta desnecessariamente forte, ams o clube naútico não pode pagar pelo erros dos policiais

    ass:garfield

     
  • At 10:03 PM, Blogger Odair Porcolino said…

    Boa Noite, Florida Paulista.
    Gostei dos teus comentários no JA sobre este "rolo" acontecido em Recife. Concordo com ele.
    .
    Concordo com o anônimo, quanto ao Nautico. Tavez seja o menos culpado de todos.
    .
    Mas como eu disse no JA:
    O que fazer diante de uma situação como aquela, já que em nosso país você ainda houve muito a frase: "Você sabe com quem está falando?"
    Abraços verde-esperança.

     
  • At 10:04 PM, Blogger Odair Porcolino said…

    Boa Noite, Florida Paulista.
    Gostei dos teus comentários no JA sobre este "rolo" acontecido em Recife. Concordo com ele.
    .
    Concordo com o anônimo, quanto ao Nautico. Tavez seja o menos culpado de todos.
    .
    Mas como eu disse no JA:
    O que fazer diante de uma situação como aquela, já que em nosso país você ainda houve muito a frase: "Você sabe com quem está falando?"
    Abraços verde-esperança.

     

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