Um Olhar Crônico Esportivo

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quarta-feira, agosto 20, 2008

Quando o ótimo é péssimo


Em nome de se ter nada menos que o ótimo, despreza-se o bom e acaba-se ficando com o péssimo.

Essa é, em síntese, a participação brasileira em Pequim 2008, na minha visão.

Estamos a dois dias da disputa da medalha de bronze e se ela será conquistada ou não é absolutamente irrelevante. Pelo que pude ver de alguns jogadores depois da derrota para a Argentina, voltaremos somente com o quarto lugar. Jogadores como Alexandre Pato, por exemplo, não sabem o que é uma Olimpíada. Nunca aprenderão, infelizmente para eles.

Antes de uma curta análise, dois pontos são fundamentais. Na visão deste blogueiro, a CBF é culpada por esse fracasso, assim como é culpada por uma parte dos problemas que afligem o futebol brasileiro. É uma entidade que existe para satisfazer a si própria e não para servir e dar satisfação a tudo que a sustenta e justifica sua existência: o futebol jogado no Brasil e o torcedor brasileiro, sustentáculo primeiro e último de todo esse mundo da bola em Pindorama.

Além da CBF, outra parte da culpa, mas pequena, é de Dunga, o ex-jogador promovido a treinador de repente, sem mais nem menos, sem nunca ter treinado sequer o infantil do Guarani de Bagé. E que começou sua carreira dirigindo a Seleção Brasileira de Futebol. Dois absurdos sem tamanho: um, o praticando por quem nomeou-o – e assim voltamos à origem de todos os males – e o outro dele próprio, que aceitou tal incumbência, num misto de arrogância e absoluta falta de discernimento, também conhecido como “simancol”.

Todavia, tentando esquecer tudo isso, o que tivemos, sem ir muito longe, ficando na superfície?

Dunga erigiu a seleção olímpica em torno de Robinho, reproduzindo o mesmo discurso já feito com relação à seleção principal, que no momento corre o risco de ficar fora da zona de classificação para 2010. Robinho foi elevado à condição de, primeiramente, patriota brasileiro, um exemplo para todos (leia-se Kaká), sempre servindo às seleções brasileiras. Sim, no plural, pois Dunga elegeu-o como jogador-símbolo também da seleção olímpica. Era Robinho e o resto. Robinho não veio e ficou o resto.

Perdido Robinho, sobrou Ronaldinho. Craque, maior jogador do mundo, etc, etc...

No passado, tudo isso no passado, pois, no presente é um ser humano despreparado física e mentalmente para a prática de qualquer esporte competitivo em alto nível. Nesse momento, Ronaldinho deveria estar só treinando e fazendo joguinhos amistosos cuja importância, à parte o treinamento, deveria ser proporcionar espetáculo para os moradores de uma ou outra cidade européia ou asiática. Mas não “Pequim 2008”.

Os jogos feitos pela equipe brasileira mostraram um jogador fora de forma, sem ritmo, sem gana, sem pique, um jogador com nada.

Durante meses a seleção olímpica foi um ser fantasmagórico, inexistente, exceto em projetos e discursos. Nunca existiu, até a véspera da competição. Ficou também, desde sempre, sujeita aos amores e humores de clubes europeus e seus jogadores, distante no espaço e na motivação. A alegação era que o Brasil teria o seu “melhor” nessas Olimpíadas, para trazer, finalmente, o tão desejado ouro. E o melhor do futebol brasileiro era o que estava na Europa. Logo...

Então, tudo isso: Robinho, Ronaldinho, os jogadores ‘europeus’, era o ótimo, era o indispensável, era o que precisávamos. Em seu nome, sequer pensou-se no bom, que poderia ter sido a formação de uma seleção exclusivamente com jogadores atuando no Brasil, disponíveis, portanto, para treinamentos mais constantes, claro que às custas dos pobres clubes brasileiros. Mas esses não contam, ora, pílulas! Então, para que dar-lhes atenção e importância? Era só convocar, treinar e jogar, uma, duas, três, cinco, dez vezes.

Faltou um projeto olímpico, detalhe – pequeno – apontado por Carlos Alberto Parreira, o rei da obviedade, o mestre-engenheiro das obras prontas, que dirigiu o naufrágio de 2006 e agora critica as ações que levaram a ele. Deve ter esquecido que o comandante do navio naufragado era ele mesmo.

Planejamento e projeto olímpico: nada disso existiu.

Catou-se os jogadores disponíveis e foi todo mundo pra China.

Deu no que deu.

Pra quem é, como é, tá bom demais.

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2 Comments:

  • At 10:15 AM, Anonymous Anônimo said…

    creio q não podemos mais depender dos jogadores que vão para a europa. se não temos condições de competir com eles, paremos então de mendigar e montemos nossa seleção, mais humilde, com jogadores medianos locais, mas com mais vontade. uma ou outra posição chave podemos tentar usar jogadores mais consagrados, aliás como já é feito. mas se não der certo, tchau. e ao invés dos jogadores medianos de lá, poderiamos usar os jogadores medianos daqui pra montar nossa base. seriamos mais competitivos. e se o cara quer ir pra lá, ok. mas praticamente não contaremos mais com eles. cada um faz suas escolhas, mas devemos fazer as nossas para o nosso próprio bem. mas pra isso precisaremos de um planejamento melhor, de um técnico melhor, um presidente melhor...

     
  • At 1:21 PM, Blogger DERLY. said…

    acho que o dunga vai sair e o muricy
    vai assumir para desespero de um
    certo amigo torcedor do são paulo
    he he he he abraço ronaldo.

     

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