Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sexta-feira, abril 11, 2008

Imbróglio à vista: CAP x Rádios


As rádios ganham dinheiro com o futebol.

Transmitindo, comentando, debatendo, gritando, fazendo piadinhas imbecis e cretinas, fazendo piadinhas inteligentes, só que raramente, lançando fofocas, trazendo informações no calor dos acontecimentos, transmitindo fatos e gerando, criando novos fatos elas próprias, pegando frases e repetindo-as infinitamente fora de seu contexto original, recriando a realidade, mas também dourando a realidade do futebol, incendiando paixões, despertando desejos, estimulando o torcedor, divulgando, enfim, de maneiras criativas ou repetitivas, não importa, o produto futebol.

Atualmente só ouço rádio no carro, mesmo assim só se for futebol, seja transmissão, seja programa informativo ou de debate. Mas, houve um tempo em que o rádio era tudo que tínhamos fora a opção de deixar alguns caraminguás na banca mais próxima e comprar o jornal do dia. Difícil, como tudo que é associado ao verbo comprar.

Há times que são o que são graças às rádios. O Flamengo é o melhor exemplo, bem como os outros três grandes clubes cariocas. Todos cresceram nacionalmente e viram suas torcidas aumentar por quase todo o Brasil graças às emissoras de rádio, principalmente a Rádio Nacional, que da capital da república levava o futebol da cidade para todo o país.

O rádio está no DNA do torcedor brasileiro.

Sim, o rádio ganha com o futebol, mas devolve muito para o esporte, hoje menos que antes, mas ainda devolvendo.

O Clube Atlético ParanaenseCAP – anunciou que só vai permitir a transmissão de seus jogos no próximo Campeonato Brasileiro se as emissoras pagarem por eles. Um preço, na minha opinião, bastante salgado: R$ 15.000,00 por partida ou R$ 456.000,00 o pacote pelos 38 jogos do clube. Sim, o CAP vai mais longe e diz que não vai permitir a transmissão nem mesmo dos jogos em que atuar como visitante. Fico com a impressão de ter faltado orientação e assessoria comercial à diretoria do clube, pois esse valor é completamente fora da realidade e da possibilidade do meio rádio, e também fico impressionado com a cobrança pelos jogos como visitante, o que é, no mínimo, muito questionável. Emissoras poderosas, como a Jovem Pan, dona de grande faturamento, sem dúvida, não transmitiram os jogos da Copa de 2006 em função tanto da cobrança em si, como dos custos da mesma.

Juridicamente, há um buraco negro envolvendo essa questão.

Às entidades de prática desportiva pertence o direito de negociar, autorizar e proibir a fixação, a transmissão ou retransmissão de imagem de espetáculo ou eventos desportivos de que participem.”

Isso é o que diz a Lei Pelé em seu artigo 42. Não há menção explícita à transmissão via rádio, até porque fala em imagem, que no caso do rádio é criada pelo locutor para a imaginação do ouvinte.

A direção do CAP entende que “marca é imagem” e há juristas que acreditam ser possível entender dessa forma.

Em sua argumentação, o Atlético Paranaense diz que o assunto está em discussão no Clube dos 13 e o clube está apenas se antecipando ao tomar essa medida, dando a entender, implicitamente, que os demais membros do Clube dos 13 irão aprová-la.

O tema no Clube dos 13 – pelo que acompanhamos das discussões – não é prioritário e esse Olhar Crônico Esportivo apurou que o único resultado que surgiu na reunião em que discutiu-se o assunto, foi apenas uma forte oposição à cobrança. Muitos clubes entendem, como esse blogueiro, que o rádio ajuda na divulgação do futebol, atingindo todas as pessoas, de todas as classes, em qualquer lugar e momento. Entre os opositores está Fernando Carvalho, do Internacional, um nome de respeito, sem dúvida. Pessoalmente, considero difícil que essa pretensão vá adiante no “Treze”.

Se aprovada, essa medida teria um impacto muito grande, extremamente forte sobre o mercado de mídia. Ainda não tenho informações a respeito, mas tão logo receba-as repassarei para vocês.

Esse assunto é complexo e poderá ir muito longe, pois o número de envolvidos é gigantesco, desde minúsculas emissoras interioranas até as gigantes da área, como Pan, Band, Globo e Record, entre outras. Mais: direitos de arena dos jogadores, direitos do time mandante, e muito mais.

Rádio é informação livre, instantânea e ao alcance de todos.

O futebol faz parte da informação.

O Olhar Crônico Esportivo é contra essa cobrança e a favor da liberdade de transmissão pelas emissoras de rádio.

P.s.: agradeço ao GUERRILHEIRO DA BAIXADA pelo comentário e pelos links, que foram de grande ajuda, poupando-me a pesquisa.


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quinta-feira, abril 10, 2008

Rolando pelo mundo 08 10 4

Preparem-se, leitores do Olhar Crônico Esportivo amantes do futebol: em breve, num estádio próximo de sua casa, Real Madrid x Barcelona. Ou, se você não for sortudo, GETAFE x Real Sociedad, ou qualquer coisa parecida.

O futebol já te irrita? Teu time está fora das decisões? Assista a um emocionante jogo de críquete. Ficou fácil.

Desiludido com a impunidade tupiniquim? Delicie-se! Tem dirigentes presos... na Inglaterra.

Por último, vá fazendo sua poupança e assista aos Jogos Olímpicos de Delhi, em 2020. Um pouco mais sobre tudo isso a seguir, na telinha do Olhar Crônico Esportivo.



Lá, como cá?

Temos a impressão, em parte meio colonizada, de julgar que tudo de ruim está ao sul do Equador, ficando tudo de bom ao norte. Em parte, não há como negar. No que diz respeito, porém, à prática de crimes e falcatruas diversas, o norte ainda tem muito o que não ensinar ao sul. Mas, ótimos alunos que são os sulistas, aprendem rapidinho, rapindinho, tudo que de lá vem que não presta. Filosofices pedagógicas de lado, vejam só isso:

Ações do Birmingham City FC têm vendas suspensas – ontem, as ações do clube tiveram sua negociação suspensa na Bolsa de Londres. O motivo foi a prisão de dois de seus controladores, acusados de falsificação de dados e conspiração para executar fraude. Pelo mesmo motivo já há sete pessoas presas, atualmente. Três dirigentes do Portsmouth FC, também da Premier League como o Birmingham, também foram presos anteriormente.

Bom, tenho que terminar essa nota por aqui. É que eu fui procurar o número de dirigentes brasileiros presos por fraudes e coisas correlatas e...

Nada. Fim do texto.



2020 na Índia?

Suresh Kalmadi, presidente da Indian Olympic Association, anunciou ontem que vem conversando com o Comitê Olímpico Internacional sobre a possível candidatura de Delhi abrigar os Jogos Olímpicos de 2020. A cidade está construindo uma grande infra-estrutura esportiva para abrigar os Commonwealth Games em 2010, e que já está sendo prevista como a base para os Jogos Olímpicos.

Para Jacques Rogge, do COI, a Índia tem todas as condições para sediar os Jogos de 2020, tal como faz a China em 2008. A formalização da candidatura será feita em 2013.



Ligas da Espanha e Alemanha podem ter rodadas no exterior

No começo desse ano a Premier League divulgou o plano de criar uma rodada extra, o “39th match’ plan” como se tornou conhecido na Europa, com jogos em cinco cidades ao redor do mundo na temporada 2010/2011. Todavia, devido às fortes reações contrárias e a rejeição da Football Association, o plano foi arquivado. Pelo menos por enquanto.

Ontem, porém, falando no SOCCEREX Forum, em Londres, Francisco Roca Perez, CEO da Liga Espanhola, disse ser favorável à realização de jogos válidos por sua Liga em outros países:

“Eu penso que é uma grande idéia e bastante natural. Fiquei muito surpreso com a reação contrária e muitas críticas foram fruto de um mau entendimento dos objetivos por trás dessa idéia. Acredito que um primeiro passo foi dado e enfrentou uma forte oposição, mas vai acabar sendo visto com naturalidade, pois essa Liga e seus times são admirados no mundo inteiro.”

Também o diretor de marketing da Liga Alemã, a Bundesliga, Tom Bender, falou a respeito: “O projeto não foi bem apresentado. É uma grande idéia, comercialmente fantástica, mas a repercussão foi muito grande negativamente e a Premier League não a defendeu contra as críticas”, disse ele no mesmo Fórum.



Quer ver um jogo de críquete?

Ok, se você mora na América do Norte e quer ver o melhor cricket do mundo, ficou fácil: basta comprar um dos pacotes que a Willow TV, empresa de mídia da Califórnia, está negociando com exclusividade para os Estados Unidos e Canadá.

A empresa comprou os direitos de transmissão para televisão e internet dos jogos da IPL – Indian Premier League, com um total de 59 jogos ao vio da temporada que começa nesse mês, no próximo dia 18.

Como declarou Vijay Srinivasan, CEO da Willow TV: “Indian Premier League é o mais fascinante torneio de críquete do mundo e nós estamos muito felizes com a compra desses direitos. A Willow tem o prazer de proporcionar ao público americano esse blockbuster event, com as maiores estrelas do críquete mundial.”

Imperdível, como se pode ver, pelo menos para os leitores desse Olhar Crônico Esportivo em Norte América.


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quarta-feira, abril 09, 2008

Guerra dos estádios – VII – O governador interferiu?

A diretoria do São Paulo permaneceu em reunião por mais tempo que o habitual na noite de hoje. Em pauta, a marcação do segundo jogo das semi-finais para o Estádio Palestra Itália. Como resultado da reunião, foi emitida uma Nota à Imprensa há poucos minutos.

Basicamente, a nota aponta a estranheza causada por essa decisão, que contraria tudo que as autoridades da área de segurança preconizavam, além do próprio presidente da Federação Paulista de Futebol, que definiu o estádio palmeirense como um “barril de pólvora”. Sabedora dos riscos envolvidos num jogo como esse, a própria diretoria palmeirense declarava-se favorável à sua realização em um outro estádio no interior do Estado. A nota relembra, ainda, os acontecimentos do jogo entre Palmeiras e Santos, há pouco mais de um ano.

Na oportunidade, um torcedor santista foi ferido com um tiro disparado por um palmeirense em uma moto, uma série de brigas tumultuou as ruas próximas, assustando os moradores e causando prejuízos materiais e ferimentos em policiais. Dois grupos de torcedores uniformizados do Palmeiras interromperam o trânsito brigando entre si, assustando as pessoas nos carros e danificando vários carros.

Voltando à nota do São Paulo, a pergunta que a diretoria tricolor faz e que seria interessante ver respondida é essa:

“...o que foi feito nas últimas 48 horas para que a Federação marcasse o segundo jogo para o Palestra Itália, opção que fora abandonada desde o primeiro instante? O que mudou?”

Comentou-se nos últimos dias que diretores palmeirenses teriam conversado a respeito da situação com o governador paulista, José Serra, torcedor fervoroso do Palmeiras.

Será o governador a resposta à pergunta são-paulina?

Terá partido dele o motivo para tão radical mudança em relação ao que era discutido?

Não é só a diretoria são-paulina que gostaria de ver essa pergunta respondida.

Aguardem, essa ópera terá novos atos antes de seu final.

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Guerra dos estádios – V e VI (atualização)


Cada qual na sua casa

Depois de muita demora, muitas reuniões e muito falatório, ficou definido o que seria o mais lógico no esquema semi-amadorístico que determina os rumos do futebol em São Paulo e no Brasil: o segundo jogo das semi-finais entre Palmeiras e São Paulo será no Estádio Palestra Itália.

A vantagem dessa decisão: termina com as reclamações da diretoria e da torcida palmeirenses, além de parte da imprensa.

As desvantagens:

- ao invés de 67.000 torcedores, apenas 22.000 assistirão à partida (esse número ainda será definido pela PM e poderá ser menor;

- riscos de violência em todo o entorno do estádio;

- riscos no próprio estádio.

Mas, pelo menos a ópera terminou.

Não ainda: a Federação informou que prosseguem as reuniões para definir divisão de renda e carga de ingressos.

A ópera terá no mínimo mais um ato.





Guerra dos estádios – VI


Há pouco recebi a confirmação da Federação: as rendas serão dos mandantes, que deverão acertar caso a caso a carga de ingressos.

Pela praxe do Campeonato Brasileiro, caberá 10% do número de ingressos para a torcida visitante em cada estádio. Resta definir somente a lotação que a Polícia Militar irá liberar para o Palestra Itália, mas que não será superior a 22.000 lugares, talvez um pouco menos. Dessa forma, se todos os ingressos forem vendidos, o Morumbi receberá quase 7.000 palmeirenses, de uma carga total de 67.815 lugares. Já o Palestra Itália receberá um máximo de 2.200 são-paulinos, caso confirmado esse número de lugares pelas autoridades policiais.

Ontem a direção do Palmeiras reclamou que o São Paulo estava restringindo a venda de ingressos para sua torcida, liberando vendas apenas na Geral Amarela. Entretanto, há a informação de que bilhetes de outros setores também foram vendidos, pois havia a perspectiva de torcidas divididas por igual no caso das duas partidas serem realizadas no Morumbi ou fora da cidade.

Pelo jeito, mais confusão à vista.

Nesse caso, a ópera continuará.



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segunda-feira, abril 07, 2008

A guerra dos estádios – III e IV




A guerra dos estádios – III – O que dizem o Presidente e um jogador do Palmeiras


Repórter: Presidente, o Dr. Marco Polo diz que o Morumbi é neutro. O senhor concorda?

Afonso Della Monica: O Morumbi é neutro quando jogam Palmeiras x Corinthians, Palmeiras x Santos, Corinthians x Santos, mas com o São Paulo o Morumbi não é neutro, é a casa do São Paulo.

Repórter: Então, Presidente, jogando as duas partidas no Morumbi o São Paulo é mais favorito para passar para a final?

Della Monica: Não, isso não, clássico é clássico, não tem favorito.

Programa Arena Sportv, 2ª-feira, 7 de abril, com a presença do lateral Leandro, do Palmeiras:

Cléber Machado: Leandro, dentro de campo, jogando no Morumbi, o São Paulo é favorito?

Leandro: Não, dentro de campo não tem diferença, é tudo igual.

Também presente ao programa, Cleber perguntou a mesma a Muller, que jogou no São Paulo e também no Palmeiras, conquistando títulos nos dois clubes, se havia diferença jogar em um e outro. Muller disse que não há problema algum os dois jogos serem no Morumbi e que essa é a melhor saída. Para ele, o Morumbi é neutro.

Se clássico é clássico e se o Morumbi é neutro ou não faz diferença, por que, então, toda essa pendenga?


A guerra dos estádios – IV – Quantos milhões são eles?


Quantos são os torcedores dos dois times na cidade de São Paulo e na Grande São Paulo?

Olhar Crônico Esportivo fez um levantamento rápido, usando como fonte o IBGE e a última pesquisa Datafolha.

Os números levantados para a cidade e para a Região Metropolitana são estimados. Os números da pesquisa são os números de torcedores e não de habitantes, como nas contas dos presidentes de alguns grandes clubes. Ou seja, são considerados apenas os brasileiros acima de 16 anos, que declararam torcer por algum time ou ao menos gostar de futebol.

Cidade de São Paulo:

1,2 milhão de torcedores do São Paulo

0,8 milhão de torcedores do Palmeiras

Total de torcedores acima de 16 anos para os dois times: 2 milhões

Grande São Paulo:

2,1 milhões de torcedores do São Paulo

1,3 milhão de torcedores do Palmeiras

Total de torcedores acima de 16 anos para os dois times: 3,4 milhões

O Palestra Itália tem capacidade oficial para 29.173 lugares, condicionada, porém, à liberação dos órgãos de segurança, o que reduz a capacidade do estádio para 22.000 pessoas.

O Morumbi tem sido liberado, mesmo em jogos de duas torcidas, para 72.000 lugares, mais que o triplo possível no Palestra.

Então, considerando a Região Metropolitana, temos mais de três milhões de torcedores e há quem queira fazer o jogo num estádio para apenas 22.000 pessoas. Isso, sinceramente, não é pensar profissionalmente. São esses números, ao lado das ponderações da PM e do MP, que fazem o presidente da Federação declarar-se a favor do Morumbi.

A meu ver, tem lógica.


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A guerra dos estádios – II - O que diz o Presidente da Federação





Pelo jeito esse negócio vai longe, por isso o numeral depois do título.

“A Polícia Militar e o Ministério Público querem o Morumbi... Eu também quero o Morumbi.“

Essa frase foi proferida há cerca de 20 minutos, em entrevista transmitida ao vivo pelas emissoras de rádio (talvez também por tv), pelo Dr. Marco Polo del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol.

E quem é o Dr. Marco Polo? Vejamos um curto trecho de sua biografia:

“Em 1971, Marco Polo Del Nero intensificou suas atividades no meio esportivo, quando foi nomeado diretor da Comissão de Sindicância da Sociedade Esportiva Palmeiras. Também no Palmeiras exerceu as funções de diretor jurídico, diretor de Futebol e secretário do Conselho de Orientação e Fiscalizador, além de ser indicado como benemérito e conselheiro vitalício.”

Creio que o Dr. Marco Polo, independentemente de sua condição de presidente da Federação, é pessoa insuspeita em assuntos que digam respeito ao Palmeiras.

A PM não quer o Parque Antártica porque não há boas condições de escape em caso de emergência e a Rua Turiassu e o cruzamento com a Av. Sumaré são rotas básicas de trânsito para toda a região. Em função disso, o Ministério Público, que tem entre suas atribuições zelar pelo bem-estar da população, não só os torcedores, mas também os moradores, posiciona-se contrário ao uso do estádio do Palmeiras para grandes jogos. Essa posição das duas entidades não é nova, já tem alguns anos, e toda vez que ela é desrespeitada aumenta o histórico de problemas.

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Guerras chatas e anunciadas


Preparem-se, leitoras e leitores desse Olhar Crônico Esportivo: o que essa semana terá de chata, terá de longa. Uma das guerras já está em pleno desenvolvimento desde a semana passada e é semelhante àquelas que as crianças travam – quando bem crianças –, como, por exemplo, quem cospe mais longe, quem tem mais brinquedos, esse tipo de coisa.

Outra guerra há muito anunciada, por todos conhecida, mas nem por isso por ninguém evitada, é a velha pendenga “eu não vou jogar na casa dele” e começou para valer na noite de ontem, ainda nos vestiários do Morumbi e de Barueri.

Finalmente, mas não menos importante pelos desdobramentos que proporciona, temos a terceira, a guerra das palavras, tanto as proferidas como as distorcidas.



A guerra do favoritismo

Voce é melhor que eu!

Nada disso! Você é que é muito melhor que eu!

A guerra verbal “o favorito é ele” já começou. Aliás, começou na semana passada, quando, sem maiores motivos ou provocações, Vanderlei Luxemburgo disparou que o favorito para a conquista do título estadual paulista era o São Paulo. Ora, Vanderlei pode ser muitas coisas, menos bobo e derrotista, muito antes pelo contrário. Sua declaração tem endereços certos e bem conhecidos: o elenco são-paulino e o seu próprio grupo de jogadores. O objetivo desse ataque, pois é disso que se trata, é jogar a responsabilidade pela vitória sobre as costas do outro.

Luxemburgo, porém, exagerou na dose dessa vez. Clássico é clássico, é verdade, mas nesse momento o time do Palmeiras é muito superior ao do São Paulo, tanto entre os onze que entram em campo como no banco. A campanha é melhor e tem um jogador que desequilibra, Valdívia, e tem pela frente uma semana inteira de descanso e treinamento antes do primeiro jogo. Esses são alguns dos pontos positivos alviverdes. Do outro lado do muro, Muricy ainda está formando o time. O elenco é pequeno, mais ainda agora, desfalcado de dois jogadores, afastados pela diretoria. Não bastasse, Borges foi suspenso pelo terceiro cartão amarelo. Completando esse quadro, já por si tenebroso, o São Paulo enfrenta o Audax Italiano em Santiago do Chile, na noite de 5ª-feira, retornando no dia seguinte para entrar em campo no domingo, sem tempo para treinar. Dependendo do jogo, sem tempo para descansar. Se vencer, terá cumprido a obrigação. Se perder, bom, nesse caso teremos em campo um time em crise e sob pressão ainda maior.

Essa é uma das maldades de um torneio como o campeonato estadual: além de impedir uma boa preparação das equipes para a temporada, com seu enorme número de jogos e uma fase final desnecessária, ele ainda por cima atrapalha terrivelmente o desempenho das equipes que disputam a Copa Libertadores, como é o caso do São Paulo e do Santos. No Brasil, hoje como sempre, os times vencedores são cruelmente penalizados pelo calendário.

Eu tenho claro quem é o favorito para chegar à final.

Você também?



Velha guerra há muito anunciada, nunca evitada

Todo ano, nos últimos anos, é a mesma velha história: a Federação se arroga o mando de campo e, incentivada e aconselhada pela Polícia Militar e pelo Ministério Público, marca os jogos finais para o Morumbi.

Todo ano, nos últimos anos, é a mesma velha história: a diretoria palmeirense assina o regulamento e quando chega o momento dele ser colocado em prática começam a gritar que não vão aceitar, que não é correto, que não vão fazer dois jogos na casa do adversário, que têm direito a jogar o seu mando em sua própria casa.


Ora, se tudo isso é verdadeiro, se tudo isso é tão injusto, por que cargas-d’água aceitam e assinam um regulamento? Mais: tendo na presidência da Federação um conselheiro vitalício e ex-diretor (várias vezes) do clube?

Durante muitos anos o Palmeiras disputou muitas de suas decisões no Morumbi, sem o menor problema, ali ganhando muitos títulos. De repente, porém, o estádio passou a ser tabu.

Inegavelmente, é justo que cada time jogue seu mando em sua própria casa, atendidas as normas de segurança pelo máximo. É justo, também, que cada time fique com a renda do seu próprio jogo.



Guerra de palavras

Todo ano é a mesma velha história: microfones na mão, os repórteres instigam, fazem perguntas colocando trechos de frases fora de contexto, acirram os ânimos, jogam gasolina no fogo.

Ontem, terminado o jogo no Morumbi, quem ouvia os comentários finais e as conversas de vestiário pelas emissoras de rádio, pôde acompanhar um pouco como essas coisas funcionam. Um repórter da Pan disse que “comentava-se” nos vestiários do São Paulo que os dois jogos seriam no Morumbi. Pior ainda que isso foi a forma como essa suposta informação foi transmitida, dizendo que o pessoal “já sabia” que os dois jogos seriam no Cícero Pompeu de Toledo. Naturalmente, quando o diretor de futebol do Palmeiras, Gilberto Cipullo, entrou no ar, a pergunta inicial foi feita a partir desse ponto, que o São Paulo já sabia com certeza onde seriam os jogos. Esse foi só o começo.

Minutos depois, microfones abertos para o diretor tricolor, João Paulo de Jesus Lopes, com a mesma pergunta. Em sua resposta, depois de desmentir a (suposta) informação, João Paulo disse que o São Paulo não iria jogar “em pasto”, em clara referência aos gramados de Bragança e Ribeirão Preto, ressalvando, porém, que isso nada tinha a ver com as cidades, etc, etc. Claro que a cobertura da mídia ignora as ressalvas e ressalta “São Paulo não jogará em pasto”.

Pronto! A guerra está em curso e nem mesmo a viagem e o jogo no Chile serão o bastante para amainá-la.

Haja paciência, haja papel, haja tudo, enfim, para agüentar os próximos dias.


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domingo, abril 06, 2008

Impressões de uma tarde chuvosa


Domingão gostoso, cara e temperatura de outono, preguiçoso como merece todo domingão. Jornalão no café-da-manhã, Felipe Massa de ponta a ponta, com categoria e muita classe, mostrando que sabe guiar, apesar dos muitos motoristas que adoram criticá-lo, tal como adoram criticar Rubens Barrichello.

Ao invés de almoço em casa, encontro marcado com um pessoal desconhecido – ao vivo – no Habib’s perto do Morumbi. Isso mesmo, desconhecido ao vivo, mas já conhecido pela internet. Encontro de são-paulinos, para uns comes & bebes e depois o jogo. Damião, Mafê, Oto e Edu, são-paulino roxo (opsss...) de Fortaleza...

Assim foi. Papo agradável, reminiscências, novos conhecimentos – ao conhecer ao vivo pessoas com quem convivemos no cyberspace, tudo rola com naturalidade, o papo flui, como se nos conhecêssemos há muitos e muitos anos. Curiosamente, e paradoxalmente, a internet é ótima para aproximar as pessoas e fazer amizades.

Kibes e esfihas depois, com chopps (plural de chopp... hehehe) e mineral com gás, pegamos o nosso velho caminho da roça rumo ao Cícero Pompeu de Toledo.

Um dos novos amigos tem um esqueminha bem legal com um segurança de uma rua meio escondidinha e com ele deixamos os carros. Contam-me que quando estão atrasados chegam a deixar a chave para o rapaz estacionar na rua. Nem tudo no mundo é feio e maldoso.

Opa!

Essa agora! Dez ou doze anos depois, talvez até mais, volto à velha e mui conhecida arquibancada. Que saudades! Gosto de ver o jogo lá do alto.

Como vou de arquibancada e não de cadeira, preciso comprar ingresso. Damião, um dos amigos, também precisa. O diabo é enfrentar a fila...

Sem chance.

Mas não há problema, aparece um cambista amigo e pagamos 27,50 cada um pela entrada de 20,00. Sem queixa e sem stress.

A existência de cambistas não me incomoda e chego a achar confortável ter os caras ali. Sei que isso deve estar deixando em choque muitos leitores desse Olhar Crônico Esportivo, mas, buenas, essa é a vida real. Acho muito errado e criminoso a existência de esquemas que entregam ingressos em acordos entre bilheteiros (e sabe-se lá quem mais) e cambistas. Mas sempre acredito que o cara de quem estou comprando é só um micro-empresário atuando no ramo de revenda de ingressos, é parte do show-business. Sim, é cômodo pensar assim, concordo.

Enquanto pegamos nossos ingressos a garoa começa a cair.

Fora do Morumbi temos a impressão que o público será muito grande, mas lá dentro, depois de mais alguns minutos, mudamos nossas previsões. Vários de nós apontaram para 25.000 torcedores, esse blogueiro inclusive, e acertamos em cima.

A revista de praxe na entrada, a ida básica ao banheiro antes e vamos ao jogo.

Garoa forte caindo, os dois times em campo, hino executado e não sei que mais e... Nada. S.Sra., o árbitro, ficou aguardando o relógio mostrar 16:00. Tome vaia, claro. É nosso direito de freqüentadores de estádio, ainda mais na arquibancada. Podia começar antes do horário, ora pílulas, seriam 4 minutos a menos na chuva.

Na arquibancada, novos conhecidos velhos de internet: Elaine, Sérgio, Alexandre e outros. Uma festa molhada. O clima da arquibancada é diferente, mais gostoso. Estava com saudades.

Ah, meu velho Morumbi...
Os assentos acumulam a água da garoa. Tem um escoadouro, claro, mas ela se acumula assim mesmo. Antes de ficar molhado, sentei e não gostei, é ruim demais, desconfortável. Garoa já transformada em chuva, meus pés flutuam numa lâmina d’água de respeito naquele degrau.

Ah, meu velho Morumbi...
Mais de dez ou doze anos depois, continua rigorosamente igual nesse ponto: o desconforto.

Há progressos, felizmente. A pouco mais de 30 metros de onde estamos tem uma “Estação Vida”, com desfibrilador e dois operadores. Bom, muito bom. Melhor ainda é saber com antecedência onde fica a “Estação”.

Como já não dava para sentar por causa dos assentos molhados pela garoa, todos ficam em pé, milhares e milhares de pessoas. A garoa vira chuva e bota chuva nisso. Respeitável, mesmo não sendo daquelas intensas que nos tiram a visão do gramado. Capitulo à visão permanente do céu cinzento carregado d’água e despejando a dita cuja pra cima da gente. Compro uma “capa”. Cincão! Mas vale a pena, mais por permitir colocar os óculos e não perder nenhum detalhe do jogo.



O jogo - um pouquinho

Um belo, belíssimo jogo do São Paulo. Não em termos históricos ou comparando com outros jogos, nada disso, mas belíssimo porque foi um jogo com muita coisa importante acontecendo e belíssimo, licença poética, como produto da evolução da equipe nessa temporada. O que teve de bom:

- Joilson estreou. Parabéns, você tem futebol para jogar tranqüilo nessa posição.

- Richarlyson reestreou. Que ótimo, estava com saudades do “velho” Ricky.

- Sérgio Motta, o Serginho, começou a dar o ar de sua graça, que espero duradoura.

- Rogério continua Rogério e ainda fez mais um de pênalti. Mas eu quero de falta, Capitão.

- Borges continua marcando.

- Adriano... Sou cada vez mais fã desse cara. Cada vez mais ele é “o cara”.

- Junior agüentou os 90 minutos e com gramado encharcado!

- André Dias, Miranda, Zé Luiz, Hernanes... Mantendo o nível já bom.

Então...

Alvíssaras! Alvíssaras! Alvíssaras!

O São Paulo 2008 nasceu na tarde de hoje no Morumbi.



A rodada do Paulista

Guaratinguetá passou pela pressão e venceu. É o melhor time da 1ª fase.

Palmeiras venceu e é o 2º melhor. E já começou o nhenhenhem por causa do palco dos jogos contra o São Paulo. Ora, por que assinam o regulamento?

A Macaca empatou em Santos.

Teremos Capital x Capital e Interior x Interior e por fim Capital x Interior.

Grande final para esse torneio.

Sim, os estaduais não têm mais razão de ser e sou contra eles, mas já que existem, já que existe o Paulista, é gostoso assistir e torcer.

Pelo que sei todos os jogos começaram no horário, rigorosamente. Não é tão difícil, basta querer.

Cheguei em casa seco, mas com os pés, meias e tênis completamente encharcados.

Com a cabeça fria, o coração quente e um ar de profunda satisfação no rosto.

Isso é futebol e da arquibancada é mais gostoso, apesar da chuva.



Rogério Ceni

1000º jogo pelo São Paulo.

205 no banco como reserva do Zetti.

795 como titular.

Falar o que desse cara e para esse cara?



Mil vezes: Obrigado, Rogério.


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Perca um pouco de tempo...

... e procure um clube brasileiro nessa relação:

AC Milan // AEK Athens // Arsenal FC // AS Roma // Aston Villa FC // Birmingham City FC // Blackburn Rovers FC // Bolton Wanderers FC // Budapest Honvéd // Cardiff City FC // Celtic FC // Charlton Athletic FC // Chelsea FC // Club Deportivo "Los Millonarios" // Club Independiente Santa Fe // Coventry City FC // Darlington FC // DC United // Doncaster Rovers FC // Drogheda United FC // DSC Arminia Bielefeld // Everton FC // Falkirk FC // FC Barcelona // FC Internazionale Milano // FC Widzew Lodz // Fenerbahce SK // Ferencvaros TC // FK Teplice // Fulham FC // Galatasaray SK // Glasgow Rangers FC // Grasshopper Football AG // Hamburger SV // Heart of Midlothian FC // Hertha BSC Berlin // Hull City AFC // Inverness Caledonian Thistle FC // Ipswich Town FC // Kaizer Chiefs Ltd // Leeds United FC // Legia Warsaw // Liverpool FC // Lokomotiv Moscow FC // Manchester City FC // Manchester United FC // Miami FC // Middlesbrough FC // Millwall FC // Milton Keynes Dons FC // New England Revolution // Newcastle United FC // NK Interblock //Northampton Town FC // Norwich City FC // Oldham Athletic FC // Olympiacos C.F.P. // Olympique de Marseille // Olympique Lyonnais // Panathinaikos FC // Paris Saint Germain FC // Portsmouth FC // Queens Park Rangers FC // Reading FC // Real Club Deportivo Espanyol // Real Madrid CF // Real Zaragoza // Royal Sporting Club Anderlecht // S.L. Benfica // Sheffield United FC // SK Slavia Prague // Southampton FC // Southend United // Sporting Fingal // Sunderland FC // Tottenham Hotspur FC // Ujpest FC // VfB Stuttgart // Watford FC // West Bromwich Albion FC // West Ham United FC // Wigan Athletic FC // Wolverhampton Wanderers FC // Wycombe Wanderers FC // Zaglebie Lubin // 1.FC Cologne

Nenhum, né?

Pois é.

Se bem que, salvo engano, tem apenas quatro clubes das três Américas, dois do Sul e dois do Norte. Muito frustrante, até porque os times são dos Estados Unidos e da Colômbia. Nenhum clube dos hermanos porteños, tampouco.

Essa era a relação de clubes confirmados para participar do terceiro Soccerex London Forum, seminário de um dia que será realizado em Maio, no novo Wembley. O evento, apesar de durar apenas um dia, é considerado um dos mais importantes no mundo do futebol e aborda temas ligados à nova realidade do futebol como entretenimento de massa de alcance global, com palestras sobre mídia, competições, legislação, aproveitamento das arenas e, claro, marketing, muito marketing.

Pelo jeito, o futebol moderno não é coisa para nosso bico tupiniquim. Como a esperança é aquela tal da última a falecer e coisa e tal, de repente a organização libera nova lista de clubes com participantes inscritos e tenhamos o prazer de ver os nomes de alguns dos nossos.

Você perdeu um pouco de seu tempo lendo a lista, mas nossos clubes estão perdendo é o bonde da história.


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